Uma situação peculiar na itália: quando "fila" não é bem uma fila
Se você já esteve na Itália ou planeja visitar, uma coisa que pode chamar sua atenção é o jeito peculiar dos italianos organizarem filas. Ou, melhor dizendo, a falta de organização. Para nós, brasileiros, acostumados com filas mais ou menos organizadas (ok, às vezes mais “menos” do que “mais”), a experiência de enfrentar uma "fila" na Itália pode ser, no mínimo, inusitada.
A fila que não é fila
Imagine a cena: você chega a uma sorveteria lotada em Roma, ansioso para experimentar aquele gelato artesanal tão famoso. Aparentemente, há uma fila, mas, ao olhar mais de perto, você percebe que as pessoas estão espalhadas, conversando ou até fingindo que não estão na fila. A confusão só aumenta quando um novo cliente chega, cumprimenta todos com um “Buongiorno” e vai direto ao balcão fazer o pedido.
Essa cena é mais comum do que você imagina. Na Itália, a ideia de "fila indiana" nem sempre é levada tão a sério quanto em outros lugares. A organização pode ser mais flexível, e cabe a você, turista, entender o contexto e, claro, a arte de se posicionar estrategicamente.
O segredo é o contato visual
Uma coisa curiosa é que, em muitos casos, o que vale mesmo não é a ordem de chegada, mas o contato visual. Se você quer ser atendido, precisa estabelecer uma conexão com o atendente. Isso significa olhar diretamente nos olhos dele, levantar a mão sutilmente e, às vezes, até soltar um simpático “Scusi”.
Certa vez, em uma padaria em Florença, esperei pacientemente por quase 10 minutos até perceber que ninguém respeitava a fila. A senhora ao meu lado, vendo meu desconforto, me deu a dica: “Devi farti vedere!” (Você precisa se fazer notar!). Segui o conselho, chamei a atenção do padeiro e, em segundos, saí com meu pão fresquinho – e uma lição aprendida.
A fila no transporte público
Se você acha que a confusão se limita a lojas ou restaurantes, espere até precisar pegar um ônibus em uma cidade italiana. Diferente do que estamos acostumados, onde há uma fila organizada no ponto, na Itália o embarque pode ser uma verdadeira competição.
Em Nápoles, por exemplo, o ônibus chegou e todos se aglomeraram em frente à porta. Não havia qualquer ordem; o importante era entrar primeiro. Quando finalmente consegui subir, um senhor atrás de mim, com um sorriso no rosto, disse: “Benvenuto in Italia!” (Bem-vindo à Itália!).
Um caos que funciona
Apesar de parecer caótico, a "fila italiana" funciona de uma maneira única. É como se houvesse uma comunicação silenciosa entre as pessoas. Elas sabem quem chegou antes, quem está com pressa e até quem está simplesmente perdido. Claro, como turista, você pode se sentir deslocado no início, mas, com o tempo, aprende a entrar no ritmo.
Dicas para sobreviver à "fila" italiana
- Observe antes de agir: analise como as pessoas estão se comportando antes de entrar na "fila".
- Seja educado, mas firme: um sorriso e um “Scusi, sono io il prossimo?” (Desculpe, sou eu o próximo?) podem fazer milagres.
- Adapte-se ao ambiente: se todos estão improvisando, entre na dança. Às vezes, a melhor estratégia é simplesmente se aproximar do balcão e aguardar sua vez.
- Evite horários de pico: se puder, vá a lugares mais tranquilos ou fora dos horários de maior movimento.
Um charme cultural
No final das contas, a confusão nas filas italianas é mais uma expressão da personalidade calorosa e descontraída do povo italiano. Eles podem não ter a fila mais organizada do mundo, mas compensam com simpatia e hospitalidade.
Então, na próxima vez que você estiver na Itália, aproveite a experiência. Pode ser que você enfrente uma situação estranha, mas, sem dúvida, sairá dela com uma boa história – e, quem sabe, até com um sorriso no rosto.