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Lei 74/2025 e sua possível queda em 2026: entenda o que está em jogo

Lei 74/2025 e sua possível queda em 2026: entenda o que está em jogo

A Lei 74/2025, também conhecida como “Lei Tajani”, alterou o cenário da cidadania italiana iure sanguinis e gerou uma das maiores discussões jurídicas dos últimos anos. A norma trouxe restrições que afetaram diretamente descendentes de italianos nascidos fora da Europa, limitando o reconhecimento da cidadania apenas a filhos e netos, e encerrando os processos conduzidos via consulado.

Mas, menos de um ano depois, cresce a expectativa de que a lei possa cair em 2026, após análise da Corte Constitucional Italiana. O debate não é apenas técnico — envolve princípios de igualdade, retroatividade e o próprio sentido de pertencimento à nação italiana.

O que mudou com a Lei Tajani

Aprovada em 2025, a Lei 74/2025 alterou o modo como o Estado italiano reconhece a cidadania por sangue. Até então, o direito era originário e imprescritível, passando de geração em geração sem interrupções. Com a nova redação, o reconhecimento ficou condicionado a vínculos mais próximos, o que acabou excluindo bisnetos e trinetos.

Além disso, a lei encerrou os processos consulares e passou a exigir que o ancestral nunca tenha adquirido outra nacionalidade antes do nascimento do descendente — um ponto que, na prática, inviabilizou milhares de pedidos legítimos.

Essas alterações criaram um divisor de águas. De um lado, defensores da lei argumentam que ela moderniza o sistema e reduz abusos. Do outro, juristas e associações de descendentes afirmam que ela viola direitos constitucionais e cria uma espécie de cidadania de “primeira e segunda classe”.

Por que a lei pode cair em 2026

A Corte Constitucional Italiana vai julgar três possíveis inconstitucionalidades da Lei 74/2025.
Os principais pontos sob análise são:

  • Violação da igualdade: ao restringir o direito apenas a filhos e netos, a lei cria distinções entre italianos de nascimento e italianos reconhecidos, o que fere o princípio da isonomia.
  • Retroatividade indevida: a tentativa de anular processos em andamento retira direitos já consolidados.
  • Desproporcionalidade: as restrições impostas não têm justificativa pública suficiente e desrespeitam a tradição jurídica italiana.

Esses fatores abrem espaço para que a lei seja considerada inconstitucional ainda em 2026, o que restabeleceria o modelo tradicional de reconhecimento judicial.

O que diz a Constituição italiana

A Constituição da República Italiana é clara: o direito à cidadania por sangue é originário, imprescritível e inalienável. Isso significa que ele não pode ser limitado por tempo, geração ou circunstância política.

Esse entendimento foi reforçado pela sentença 142/2025 da própria Corte Constitucional, que confirmou que a cidadania iure sanguinis é um direito de nascença, e não uma concessão do Estado.

Com base nesse precedente, juristas apontam que a Corte deve seguir a mesma linha ao julgar a Lei 74/2025, reafirmando o direito dos descendentes e invalidando restrições que contrariem a Constituição.

O que isso significa para os descendentes italianos

Se a Corte confirmar a inconstitucionalidade, o efeito será profundo. Todos os processos interrompidos em 2025 poderão ser retomados e novos pedidos serão aceitos sob as regras anteriores, garantindo o acesso judicial à cidadania italiana.

Na prática, isso representa uma vitória para milhões de famílias ítalo-brasileiras que aguardam o reconhecimento. Além de restabelecer a segurança jurídica, a decisão traria de volta o modelo que consolidou a cidadania italiana como um direito de herança e identidade, e não apenas um benefício administrativo.

Um tema que exige atenção

Enquanto o julgamento não ocorre, o tema continua cercado de incertezas e desinformações.
Entender o contexto jurídico, a base constitucional e as possíveis mudanças é essencial para quem está iniciando o processo de cidadania italiana judicial.

A recomendação é acompanhar fontes especializadas e manter contato com assessorias que atuem com transparência e segurança jurídica. Afinal, cada decisão da Corte molda o futuro de quem carrega um sobrenome italiano e busca apenas o reconhecimento de um direito que sempre existiu.