A história da Mille Miglia: uma corrida lendária que atravessa o tempo
A Mille Miglia é, sem dúvida, uma das corridas mais icônicas do automobilismo mundial. Originalmente realizada entre 1927 e 1957, a prova se tornou um evento lendário, não apenas pela sua dificuldade, mas também pelo seu impacto na indústria automobilística e na cultura italiana. Vamos explorar a fascinante história dessa corrida, que continua a atrair a atenção de fãs e entusiastas até hoje.

Origens da Mille Miglia
A história da Mille Miglia começa em 1927, quando a cidade de Brescia, na Itália, decidiu criar uma corrida que unisse Brescia e Roma, e depois retornasse à cidade de origem. O formato da corrida era simples, mas desafiador: 1.618 km de estrada, que mais tarde foram reduzidos para cerca de 1.000 milhas romanas, cerca de 1.600 km.
A ideia foi de Franco Mazzotti e Aymo Maggi, que, com o apoio de algumas famílias ricas, criaram a primeira edição da corrida. Ao longo das edições, a Mille Miglia não só se tornou uma das mais desafiadoras corridas de estrada, como também um palco importante para fabricantes de carros como Maserati, Alfa Romeo, Ferrari e Porsche.

A corrida nos anos iniciais: A glória dos Italianos
Nos primeiros anos da Mille Miglia, a corrida foi dominada por pilotos italianos, e as vitórias eram garantidas, na maioria das vezes, por carros italianos. O primeiro vencedor da Mille Miglia foi Giuseppe Morandi, em 1927, que completou a prova em impressionantes 21 horas e 5 minutos. Tazio Nuvolari, outra grande lenda italiana, venceu a prova em 1930 com sua Alfa Romeo, derrotando o rival Achille Varzi.
A corrida de 1931 ficou marcada pela vitória do piloto alemão Rudolf Caracciola, que pilotava um Mercedes-Benz, mostrando que a competição seria uma arena internacional, com grandes pilotos e carros de diversos países.
Mudanças e desafios ao longo do tempo
A Mille Miglia não foi apenas uma prova de velocidade. Ela também refletia a inovação e os desafios tecnológicos dos carros da época. Em 1938, a corrida foi suspensa após um trágico acidente que resultou em várias mortes. A corrida só foi retomada em 1940, com a estreia do modelo AAC tipo 815, projetado por Enzo Ferrari. Durante as décadas seguintes, a prova passou a ser ainda mais rigorosa em relação à segurança, mas também a popularidade cresceu, especialmente com a participação de lendas como Juan Manuel Fangio e Stirling Moss nos anos 1950.
A Interrupção e o retorno da Mille Miglia
Em 1957, após outro acidente fatal que vitimou o piloto Alfonso de Portago, a Mille Miglia foi oficialmente banida. A corrida deixou de ser uma competição regular e se transformou em uma corrida de rally, realizada entre 1958 e 1961, mas rapidamente foi descontinuada.
Entretanto, a Mille Miglia não desapareceu para sempre. Em 1977, a Mille Miglia Storica foi criada, voltando à sua origem com carros clássicos da edição original, mas com foco no tempo, e não na velocidade. Este evento atrai milhares de entusiastas de carros antigos e se tornou uma das competições mais cobiçadas para quem possui modelos que participaram das edições de 1927 a 1957.
A Mille Miglia hoje: O desafio contínuo
Atualmente, a Mille Miglia é um evento para carros clássicos, e qualquer modelo que tenha participado em uma das edições originais de 1927 a 1957 pode competir. O foco não está mais na velocidade, mas sim na precisão e na capacidade de manter os tempos estabelecidos pela organização. As inscrições são rigorosas, e apenas carros históricos identificados por números de chassi ou placas podem participar.

Os custos para participar da Mille Miglia
Em 2023, o custo para participar da Mille Miglia variava de acordo com o nível de serviço escolhido. O valor básico era de 12.500 euros, incluindo inscrição, hospedagem e refeições. Os níveis mais altos, como o Silver (14.500 euros) e Gold (18.000 euros), ofereciam serviços adicionais, como hospedagem extra e transporte rápido. O nível Platinum, que custava 60.000 euros, dava acesso a benefícios exclusivos, como a participação sem pré-seleção.
